por Ângelo Rodrigues
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«Quando acontece um milagre temos sempre
uma postura de explicá-lo
com lógica racional. E ignorá-lo logo a seguir». (Carlos Lopes)
1. Por
norma, quando somos desafiados a escrever um prefácio ou algo equivalente -
que, no nosso caso em concreto é um conceito diferente que preferimos designar
por “Avulsas Impressões” -, começa-se
por dizer (e sempre que possível justificar) que estamos perante um livro
extraordinário de um autor que vale a pena e por aí… Já escrevemos alguns
prefácios - que evitamos ao máximo, ora por preguiça, por excesso de trabalho e
de compromissos, ora por os considerarmos absolutamente desnecessários pois as
boas obras podem muito bem dispensar os prefácios, posfácios e afins. Até
admitimos que uns poderão ter contribuído para a desejável e necessária
valorização e partilha da obra e outros nem tanto; contudo, podemos dizer que, quase
em dobro, foi através do conceito de “Avulsas
Impressões” - que consideramos mais autêntico e intencionalmente despido
dos desnecessários intelectualismos, análises e desconstruções académicas,
teórico-literárias bem como “científicas” no pior sentido - que aquilo que mais
consideramos valer a pena numa obra de qualquer género literário, tornando-a
ainda mais apelativa e desejável é, sobretudo, a relação, digamos assim,
afetiva com a mesma e que, em nosso entender, será isso que mais deve ser enfatizado
e partilhado com um próximo leitor. Para nós, a opinião/reflexão/crítica desta
obra em concreto do multifacetado e desbravador Carlos Lopes, não se deve
traduzir numa análise exaustiva, detalhada, e muito menos balizada e/ou
apresentada a partir de alguém supostamente credível e/ou “academicamente autorizado”,
tipo “crítico de ensaios encartado ou profissional” ou coisa do género (o que
seria considerado pedante e até patético), mas sim, sim… através de um “olhar” que
se quer tão puro como a reação visual, motora, risonha ou outras, da mais
inocente e pura criança a quem é oferecido um brinquedo novo e diferente do
habitual e que ela muito ansiava e procurava. Posto isto, para facilitar a
nossa e a vossa compreensão do que se pretende dizer (e aqui como em muitas
situações e contextos as palavras são extremamente pobres), à falta de melhor,
podemos dizer que ficam as avulsas impressões, a genuína perceção, qual
tatuagem original que fica para a vida toda pois ela fará parte do todo que é o
corpo, o encanto da palavra, a magia de um mundo praticamente e infelizmente
desconhecido para muitos, uma espécie de sentimento “para-divino” de ligação ao
Todo, tão forte e intenso como aquele que é sentido entre a criança e o tal brinquedo
novo e diferenciado que lhe é oferecido. E esse “quê”, essa “qualquer coisa” que
não se explica (nem é necessário) e que fica logo após a leitura, porque nos inquietou,
nos iluminou e apaixonou, nos ligou ao Uno que infelizmente demasiadas vezes
esquecemos (ou não lembramos) e que, sendo algo autêntico e “fresco”, nos é,
desejavelmente, mais apetecível.
2.
Esta
obra alarga e intensifica a semântica do conceito de milagre e, não só, mas
também por isso, ajuda-nos à interiorização e compreensão dos “milagres” pois
toda a nossa Vida é um milagre por excelência.
3.
Nunca
dizer tudo porque é impossível… e a dizer alguma coisa, então que seja mínimo e
autêntico (por apenas apologético que possa parecer) para que a curiosidade, a
surpresa, o deslumbramento e o sentimento de descoberta ou reencontro possam
imperar e permanecer sempre. Partilhamos - a este nível - da ideia/tese do famoso
filósofo da Linguagem Wittgenstein que livremente parafraseamos: «o que falta
dizer é sempre mais importante; o que já foi dito nem tanto…». Assim, o meu
conselho a ter em conta após a leitura/fruição deste maravilhoso livro, é: digam…
opinem sem querer nunca completar o que falta (pois de tratados estamos fartos)
e deixem dicas, pistas e espaço para a opinião e “revolução” dos outros. Creio
ser isto, também, o encanto e a magia da Arte e da Literatura em geral.
4. Caindo
agora na tentação do que critico no ponto 1 desta coisa, estamos obviamente perante
um livro extraordinário de um escritor que vale a pena conhecer melhor e ir
acompanhando. Não querendo excluir nem mitigar outras tão ou mais justas e
apropriadas apologias, aquilo que mais quero destacar e partilhar com o próximo
leitor é que, à semelhança do que aconteceu comigo, a epifania que será a
leitura deste livro corresponderá - estou em crer - àquilo que será a sonhada demanda/viagem
por “mundos alternativos” (qual temporada de férias num fascinante país exótico
e totalmente diferente do que estamos habituados) que para uns quantos será
desconcertante e que para outros será o desejável e muito apetecido lugar de
destino, o lugar onde possamos viver toda a Eternidade. Este livro é um
roteiro, é um caminho que leva ao lugar do Novo e do Diferente, mas para
caminhar por ele, é necessário que o nosso veículo seja abastecido de
mundividência. Abre a tua mente!
5. Amo
a Literatura (todos os géneros literários conhecidos e por inventar) por todas
as razões, e, se me questionarem sobre as razões, terei alguma dificuldade em
as enunciar de forma clara e coerente e muito menos em as hierarquizar; contudo,
direi que um livro que não nos inquiete, que funcione apenas como um tratado
(com a pretensão de esgotar os temas ou problemas) ou que se limite apenas a
“papaguear” leituras e influências facilmente detetáveis (apesar da virtude
legítima que muitos possam encontrar nisso), não será, de todo, para nós, um bom
livro pois mais poderá parecer uma enciclopédia. Assim, o livro que nos valerá
a pena (como este livro do Carlos Lopes), é exatamente aquele que deixa
praticamente tudo em aberto, que parte da experiência vivida, que duvida e
questiona, que inquieta, que aprofunda, que radicaliza com coragem e ousadia,
que propõe e problematiza o que parece para a maioria não ser passível ou até
possível de problematização, de concetualização e de argumentação. E, quando a
abordagem é realizada de forma assumidamente informal, sem peias, sem “rodriguinhos”,
não subestimando a inteligência do leitor e muito menos o seu suposto “estatuto
cultural ou académico”, é caso para se dizer que «Tu Não És Um Computador» é um “ensaio / reflexão” que pode (e
devia) ser de leitura obrigatória - sobretudo e particularmente - para aqueles
que, até então, continuam com a falsa e redutora ideia de que a Meditação e a Introspeção
são como que uma autêntica perda de tempo.
6.
Dizer-se
que estamos perante um “ensaio / reflexão” holístico(a) é dizer muito e ao
mesmo tempo dizer pouco ou quase nada. Contudo, sim…, estamos perante uma obra
que mais para uns do que para outros, como é natural e legítimo, aborda e
problematiza - em conexão permanente - os principais e grandes temas/situações/contextos/programações/formatações/”lavagens
ao cérebro” da Humanidade pois, como o leitor atento irá constatar aquando da
leitura deste peculiar livro, refletir por exemplo sobre Água, Ar ou
Consciência (alguns dos temas abordados), é também refletir de forma alternativa, mas
autêntica, sobre Deus ou sobre Inteligência Artificial ou ainda Física Quântica e podia continuar com
uma lista imensa. Está tudo interligado
e, sobre isto, não tenha dúvidas… O Um é o Todo e o Todo é o Um. Não faça essa
cara amigo… leia e perturbe-se! É holístico, panteísta, ecuménico, diverso,
alternativo e, ao mesmo tempo, Único, no sentido mais nobre do conceito tal
como nos ensina a “desconcertante” (para a nossa Lógica) - ou talvez não - Física
Quântica.
7. Este
livro é uma viagem que pode ser difícil e sem sentido para uns e absolutamente
fantástica para outros, mas, em qualquer dos casos, recomendamos que a faça com
a urgência possível pois poderá ser a derradeira viagem ao país da Alma. Saiba
leitor incrédulo que é lá – tal como várias vezes reiterado pelo autor – que
habita o Deus escondido que há dentro de todos nós. Faça a viagem e conheça o
Deus! Se nenhuma viagem conseguires iniciar nesta vida ao país da Alma, podes
sempre consolar-te com a viagem ao país do Amor que, apesar da Alma, é mais
importante e não vale a pena dizer-se que não. Contudo, logo a seguir ao Amor,
o desafio que esta obra nos apresenta é: faz mesmo a viagem até à tua Alma!
Descobre-te! Vai ao âmago de ti mesmo e descobre verdadeiramente quem és!
Inicia-te e, sem desculpas tolas, tenta viver em plenitude! Espiritualiza-te! Reprograma-te! Mesmo que muito pouca
coisa te possa acontecer de novo e de diferente, o mínimo que conseguires
desejar de bom, de belo e de autêntico, será sempre considerado como que divino
e absolutamente ousado, e, assim, irás - tenho a certeza - transcender-te.
Permite-nos ainda isto para te dar ânimo: pensa sempre que, como é dito pelos grandes
sábios chineses da antiguidade, uma grande caminhada começa sempre com um pequeno
passo. Faz-te ao caminho!
8. Há
um filósofo que muito consideramos, às vezes difícil e tantas outras vezes
incompreendido (o
famoso Immanuel Kant – Séc. XVIII), que recomenda e nos ensina a admirar a nossa natureza
e a nossa condição humana também e sobretudo pela vivência do
Espanto/Deslumbramento, através da beleza interior e exterior bem como pela
reprogramação a que também o nosso autor nos incentiva. Esse belo e conhecido
aforismo de Kant, que abaixo partilharei, alerta-nos sobretudo para a
necessidade e urgência de se reabilitar, de se ressuscitar em nós, o Espanto, a
curiosidade e a capacidade de experienciar também com os olhos da Alma (com
mais ou menos mundividência mas sempre com espírito aberto e livre) a beleza, o
encanto e os enigmas dos muitos e alternativos mundos dos quais fazemos parte
integrante (Física Quântica, Singularidades) e que, pelo facto de estarmos tão
cansados, viciados e exaustos desta vida tão rotineira, mecânica e demasiado
padronizada, não conseguimos Ver e muito
menos Reparar. O Carlos Lopes tem visto e, sobretudo, tem reparado, e, tal como na “dialética
descendente” de Platão, ele vem até nós, tem a coragem de descer à caverna onde
se encontra o Homem (todos nós) agrilhoado para nos dizer aquilo que outros nos
têm tentando dizer (não muitos e nem sempre de forma compreensível para a
maioria dos mortais) - como Platão e Kant - mas com a vantagem de usar uma
linguagem simples sem ser simplista e de nos dizer empaticamente, como um amigo
que todos queremos e procuramos, que as emoções, os sentimentos e os afetos (o
Amor e a Alma) são também como uma estrada que devemos percorrer para sair da
mesmice e, assim, encontrar algures nesse percurso (não necessariamente no fim
do caminho), o “Deus que há escondido em ti e em todos nós”. E, posto isto, o
aforismo de Kant é, no fundo, o mesmo que encontras no subtítulo deste livro. Diz-nos
Kant: «Duas coisas enchem o meu coração
de admiração: o céu estrelado por cima de mim e a lei moral dentro de mim».
Carlos Lopes é um kantiano.
9. Sim…
querendo, encontram praticamente tudo o que desejam e até poderão tropeçar em
assumidas contradições e incoerências (ou talvez não). Os bons livros têm que
ter tudo para serem bons, mas jamais poderão ser perfeitos pois a perfeição não
existe e é, por si só, a maior incoerência… Filosofia, Espiritualidade,
Para-Ciência, Saberes alternativos milenares, Ciência clássica e Ciência
alternativa (Física Quântica, Inteligência Artificial, Singularidades), Ética,
Política, Saúde e essa coisa que todos desejam e que parece ser o último
desígnio e o lugar mais desejável e apetecível para todos: Felicidade.
Obrigado amigo e companheiro desta bela aventura que é a Vida por te apresentares corajosamente neste teu magnífico livro tão “espiritualmente revolucionário” e, sobretudo, por me teres iluminado e perturbado. Que a Luz continue contigo e que – à maneira do grande Plotino – possa irradiar (emanar) para todos nós!
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