18 março 2021

CONVITE - «TU NÃO ÉS UM COMPUTADOR» de Carlos Lopes com a participação de Ângelo Rodrigues




AVULSAS IMPRESSÕES

por Ângelo Rodrigues
www.angelo-rodrigues.webnode.pt


«Quando acontece um milagre temos sempre uma postura de explicá-lo
com lógica racional. E ignorá-lo logo a seguir
».
(Carlos Lopes)


1. Por norma, quando somos desafiados a escrever um prefácio ou algo equivalente - que, no nosso caso em concreto é um conceito diferente que preferimos designar por “Avulsas Impressões” -, começa-se por dizer (e sempre que possível justificar) que estamos perante um livro extraordinário de um autor que vale a pena e por aí… Já escrevemos alguns prefácios - que evitamos ao máximo, ora por preguiça, por excesso de trabalho e de compromissos, ora por os considerarmos absolutamente desnecessários pois as boas obras podem muito bem dispensar os prefácios, posfácios e afins. Até admitimos que uns poderão ter contribuído para a desejável e necessária valorização e partilha da obra e outros nem tanto; contudo, podemos dizer que, quase em dobro, foi através do conceito de “Avulsas Impressões” - que consideramos mais autêntico e intencionalmente despido dos desnecessários intelectualismos, análises e desconstruções académicas, teórico-literárias bem como “científicas” no pior sentido - que aquilo que mais consideramos valer a pena numa obra de qualquer género literário, tornando-a ainda mais apelativa e desejável é, sobretudo, a relação, digamos assim, afetiva com a mesma e que, em nosso entender, será isso que mais deve ser enfatizado e partilhado com um próximo leitor. Para nós, a opinião/reflexão/crítica desta obra em concreto do multifacetado e desbravador Carlos Lopes, não se deve traduzir numa análise exaustiva, detalhada, e muito menos balizada e/ou apresentada a partir de alguém supostamente credível e/ou “academicamente autorizado”, tipo “crítico de ensaios encartado ou profissional” ou coisa do género (o que seria considerado pedante e até patético), mas sim, sim… através de um “olhar” que se quer tão puro como a reação visual, motora, risonha ou outras, da mais inocente e pura criança a quem é oferecido um brinquedo novo e diferente do habitual e que ela muito ansiava e procurava. Posto isto, para facilitar a nossa e a vossa compreensão do que se pretende dizer (e aqui como em muitas situações e contextos as palavras são extremamente pobres), à falta de melhor, podemos dizer que ficam as avulsas impressões, a genuína perceção, qual tatuagem original que fica para a vida toda pois ela fará parte do todo que é o corpo, o encanto da palavra, a magia de um mundo praticamente e infelizmente desconhecido para muitos, uma espécie de sentimento “para-divino” de ligação ao Todo, tão forte e intenso como aquele que é sentido entre a criança e o tal brinquedo novo e diferenciado que lhe é oferecido. E esse “quê”, essa “qualquer coisa” que não se explica (nem é necessário) e que fica logo após a leitura, porque nos inquietou, nos iluminou e apaixonou, nos ligou ao Uno que infelizmente demasiadas vezes esquecemos (ou não lembramos) e que, sendo algo autêntico e “fresco”, nos é, desejavelmente, mais apetecível.

 

2.   Esta obra alarga e intensifica a semântica do conceito de milagre e, não só, mas também por isso, ajuda-nos à interiorização e compreensão dos “milagres” pois toda a nossa Vida é um milagre por excelência.

 

3.   Nunca dizer tudo porque é impossível… e a dizer alguma coisa, então que seja mínimo e autêntico (por apenas apologético que possa parecer) para que a curiosidade, a surpresa, o deslumbramento e o sentimento de descoberta ou reencontro possam imperar e permanecer sempre. Partilhamos - a este nível - da ideia/tese do famoso filósofo da Linguagem Wittgenstein que livremente parafraseamos: «o que falta dizer é sempre mais importante; o que já foi dito nem tanto…». Assim, o meu conselho a ter em conta após a leitura/fruição deste maravilhoso livro, é: digam… opinem sem querer nunca completar o que falta (pois de tratados estamos fartos) e deixem dicas, pistas e espaço para a opinião e “revolução” dos outros. Creio ser isto, também, o encanto e a magia da Arte e da Literatura em geral.

 

4. Caindo agora na tentação do que critico no ponto 1 desta coisa, estamos obviamente perante um livro extraordinário de um escritor que vale a pena conhecer melhor e ir acompanhando. Não querendo excluir nem mitigar outras tão ou mais justas e apropriadas apologias, aquilo que mais quero destacar e partilhar com o próximo leitor é que, à semelhança do que aconteceu comigo, a epifania que será a leitura deste livro corresponderá - estou em crer - àquilo que será a sonhada demanda/viagem por “mundos alternativos” (qual temporada de férias num fascinante país exótico e totalmente diferente do que estamos habituados) que para uns quantos será desconcertante e que para outros será o desejável e muito apetecido lugar de destino, o lugar onde possamos viver toda a Eternidade. Este livro é um roteiro, é um caminho que leva ao lugar do Novo e do Diferente, mas para caminhar por ele, é necessário que o nosso veículo seja abastecido de mundividência. Abre a tua mente!

 

5.  Amo a Literatura (todos os géneros literários conhecidos e por inventar) por todas as razões, e, se me questionarem sobre as razões, terei alguma dificuldade em as enunciar de forma clara e coerente e muito menos em as hierarquizar; contudo, direi que um livro que não nos inquiete, que funcione apenas como um tratado (com a pretensão de esgotar os temas ou problemas) ou que se limite apenas a “papaguear” leituras e influências facilmente detetáveis (apesar da virtude legítima que muitos possam encontrar nisso), não será, de todo, para nós, um bom livro pois mais poderá parecer uma enciclopédia. Assim, o livro que nos valerá a pena (como este livro do Carlos Lopes), é exatamente aquele que deixa praticamente tudo em aberto, que parte da experiência vivida, que duvida e questiona, que inquieta, que aprofunda, que radicaliza com coragem e ousadia, que propõe e problematiza o que parece para a maioria não ser passível ou até possível de problematização, de concetualização e de argumentação. E, quando a abordagem é realizada de forma assumidamente informal, sem peias, sem “rodriguinhos”, não subestimando a inteligência do leitor e muito menos o seu suposto “estatuto cultural ou académico”, é caso para se dizer que «Tu Não És Um Computador» é um “ensaio / reflexão” que pode (e devia) ser de leitura obrigatória - sobretudo e particularmente - para aqueles que, até então, continuam com a falsa e redutora ideia de que a Meditação e a Introspeção são como que uma autêntica perda de tempo.

 

6.   Dizer-se que estamos perante um “ensaio / reflexão” holístico(a) é dizer muito e ao mesmo tempo dizer pouco ou quase nada. Contudo, sim…, estamos perante uma obra que mais para uns do que para outros, como é natural e legítimo, aborda e problematiza - em conexão permanente - os principais e grandes temas/situações/contextos/programações/formatações/”lavagens ao cérebro” da Humanidade pois, como o leitor atento irá constatar aquando da leitura deste peculiar livro, refletir por exemplo sobre Água, Ar ou Consciência (alguns dos temas abordados),  é também refletir de forma alternativa, mas autêntica, sobre Deus ou sobre Inteligência Artificial  ou ainda Física Quântica e podia continuar com uma lista imensa.  Está tudo interligado e, sobre isto, não tenha dúvidas… O Um é o Todo e o Todo é o Um. Não faça essa cara amigo… leia e perturbe-se! É holístico, panteísta, ecuménico, diverso, alternativo e, ao mesmo tempo, Único, no sentido mais nobre do conceito tal como nos ensina a “desconcertante” (para a nossa Lógica) - ou talvez não - Física Quântica.

7. Este livro é uma viagem que pode ser difícil e sem sentido para uns e absolutamente fantástica para outros, mas, em qualquer dos casos, recomendamos que a faça com a urgência possível pois poderá ser a derradeira viagem ao país da Alma. Saiba leitor incrédulo que é lá – tal como várias vezes reiterado pelo autor – que habita o Deus escondido que há dentro de todos nós. Faça a viagem e conheça o Deus! Se nenhuma viagem conseguires iniciar nesta vida ao país da Alma, podes sempre consolar-te com a viagem ao país do Amor que, apesar da Alma, é mais importante e não vale a pena dizer-se que não. Contudo, logo a seguir ao Amor, o desafio que esta obra nos apresenta é: faz mesmo a viagem até à tua Alma! Descobre-te! Vai ao âmago de ti mesmo e descobre verdadeiramente quem és! Inicia-te e, sem desculpas tolas, tenta viver em plenitude! Espiritualiza-te! Reprograma-te! Mesmo que muito pouca coisa te possa acontecer de novo e de diferente, o mínimo que conseguires desejar de bom, de belo e de autêntico, será sempre considerado como que divino e absolutamente ousado, e, assim, irás - tenho a certeza - transcender-te. Permite-nos ainda isto para te dar ânimo: pensa sempre que, como é dito pelos grandes sábios chineses da antiguidade, uma grande caminhada começa sempre com um pequeno passo. Faz-te ao caminho!

 

8.  Há um filósofo que muito consideramos, às vezes difícil e tantas outras vezes incompreendido (o famoso Immanuel Kant – Séc. XVIII), que recomenda e nos ensina a admirar a nossa natureza e a nossa condição humana também e sobretudo pela vivência do Espanto/Deslumbramento, através da beleza interior e exterior bem como pela reprogramação a que também o nosso autor nos incentiva. Esse belo e conhecido aforismo de Kant, que abaixo partilharei, alerta-nos sobretudo para a necessidade e urgência de se reabilitar, de se ressuscitar em nós, o Espanto, a curiosidade e a capacidade de experienciar também com os olhos da Alma (com mais ou menos mundividência mas sempre com espírito aberto e livre) a beleza, o encanto e os enigmas dos muitos e alternativos mundos dos quais fazemos parte integrante (Física Quântica, Singularidades) e que, pelo facto de estarmos tão cansados, viciados e exaustos desta vida tão rotineira, mecânica e demasiado padronizada, não conseguimos Ver e muito menos Reparar. O Carlos Lopes tem visto e, sobretudo, tem  reparado, e, tal como na “dialética descendente” de Platão, ele vem até nós, tem a coragem de descer à caverna onde se encontra o Homem (todos nós) agrilhoado para nos dizer aquilo que outros nos têm tentando dizer (não muitos e nem sempre de forma compreensível para a maioria dos mortais) - como Platão e Kant - mas com a vantagem de usar uma linguagem simples sem ser simplista e de nos dizer empaticamente, como um amigo que todos queremos e procuramos, que as emoções, os sentimentos e os afetos (o Amor e a Alma) são também como uma estrada que devemos percorrer para sair da mesmice e, assim, encontrar algures nesse percurso (não necessariamente no fim do caminho), o “Deus que há escondido em ti e em todos nós”. E, posto isto, o aforismo de Kant é, no fundo, o mesmo que encontras no subtítulo deste livro. Diz-nos Kant: «Duas coisas enchem o meu coração de admiração: o céu estrelado por cima de mim e a lei moral dentro de mim». Carlos Lopes é um kantiano.

 

9.  Sim… querendo, encontram praticamente tudo o que desejam e até poderão tropeçar em assumidas contradições e incoerências (ou talvez não). Os bons livros têm que ter tudo para serem bons, mas jamais poderão ser perfeitos pois a perfeição não existe e é, por si só, a maior incoerência… Filosofia, Espiritualidade, Para-Ciência, Saberes alternativos milenares, Ciência clássica e Ciência alternativa (Física Quântica, Inteligência Artificial, Singularidades), Ética, Política, Saúde e essa coisa que todos desejam e que parece ser o último desígnio e o lugar mais desejável e apetecível para todos: Felicidade.

 

       Obrigado amigo e companheiro desta bela aventura que é a Vida por te apresentares corajosamente neste teu magnífico livro tão “espiritualmente revolucionário” e, sobretudo, por me teres iluminado e perturbado. Que a Luz continue contigo e que – à maneira do grande Plotino – possa irradiar (emanar) para todos nós!

 

Sem comentários: