16 julho 2019

ENTREVISTA de Ângelo Rodrigues à TERTÚLIA ORPHEU e ao Blogue EXTRAVASAR - 2º e última parte - julho de 2019


ENTREVISTA de
Ângelo Rodrigues
concedida à
TERTÚLIA ORPHEU
e ao blogue EXTRAVASAR, julho de 2019
(2ª e última parte)


Blogue EXTRAVASAR
extravasar.blogspot.com




  1.  Tertúlia Orpheu / Extravasar: caro poeta, escritor, professor e coordenador literário Ângelo Rodrigues; já tivemos o prazer de o entrevistar (1ª parte – julho de 2019) sendo que esta é a 2ª e última parte da entrevista. Tencionamos, desta vez, e obviamente, colocar-lhe outro tipo de questões na sequência da entrevista anterior. Assim, nesta primeira questão, queremos saber qual a sua perceção, sensibilidade e posicionamento (idiossincrasia) em relação às políticas / ideologias / orientações de governação para a Europa e, particularmente para Portugal. (No fundo, o que é que na sua perspetiva está bem e mal e o que alteraria em termos políticos e de governação).

Ângelo Rodrigues: toda a gente conhece a célebre frase de Aristóteles (Filósofo Grego – 384-322 a.C.) de que «o Homem é um animal político». Recordo aqui esta clássica figura e grande pensador da humanidade para dizer que a Política e tudo o que esta envolve é uma inevitabilidade humana. A Política é uma “arte” nobre quando é realizada por mulheres e homens verdadeiros - por pessoas - à maneira de Kant (Filósofo Alemão do Séc. XVIII). Quase todos nós já ouvimos dizer a muita gente (e até a pessoas muito próximas de nós) algo do tipo: “a Política e os políticos não me interessam” ou então, “não gosto de Política e isso nada me diz” e ainda “a Política é para os políticos…”. Este tipo de “desabafos” e/ou “bocas” (que dizem tudo e não dizem nada) são perigosos e até inaceitáveis pois - quer queiramos quer não - somos obrigados a concordar com o grande e velho Aristóteles no sentido de admitir que somos, por excelência, “animais políticos” (é claro que uns serão mais do que outros), mas não podemos nem devemos (em situação alguma) excluir-mo-nos da nossa condição Política pois - talvez por ignorância, por falta de esclarecimento, cansaço social, falta de paciência para os políticos que têm sido muito maus ou ainda outra coisa qualquer - as pessoas que se demitem da sua também dimensão Política, não terão razão alguma (argumentos e fundamentação) para se “queixarem” da falta de “bem estar” e da inexistência de vários recursos nas suas vidas bem como de uma educação digna para os seus filhos, etc.. Em suma, não se deverão queixar da falta de condições minimamente dignas e aceitáveis para uma vida, no mínimo, normal. De forma ainda mais simples: quem diz nada querer com a Política e os políticos, está, no fundo, a contribuir para a degradação da sua própria vida e também da vida de todos os outros. Somos “animais políticos” e devemos não apenas assumir essa nossa nobre função/papel social como elevá-la ao máximo. Sem mais comentários, note-se (e pasme-se!) que a abstenção em Portugal ronda a casa dos 70%... Mais comentários para que (?!) Os políticos e os nossos “líderes” (ou pseudolíderes / governantes) tornar-se-ão absolutamente disparatados (ou algo do género) se o “Povo” continuar a ter o comportamento/atitude que acabamos de descrever e que parece não ser da responsabilidade de ninguém... É preciso rapidamente inverter a mentalidade tacanha de que a “Política é apenas e só para os políticos” – nada se revela de mais falso e perigoso para uma qualquer sociedade (seja ela mais ou menos democrática).
Quanto à Europa, estou cada vez mais dececionado e não sou o único. Começou por ser uma boa ideia e continua ainda a ter muita coisa boa, mas está cada vez mais em desgraça e nos antípodas dos desejos humanistas e económicos dos europeus que somos todos nós. Definitivamente, esta Europa, tal como está, dispenso... Como estava antes, obviamente que também não queremos. De facto, precisamos não apenas de ideias, mas sobretudo de boas ideias e isso, infelizmente, não tem existido (acontecido) por parte das lideranças (governos) nacionais e europeias. É preciso mais Educação, mais horas semanais da tão necessária disciplina de Filosofia (e afins) nas escolas de todos os ciclos de ensino a ver se aparece uma boa leva de ideias. Estou mesmo em crer que uma boa parte dos nossos políticos não tiverem aulas de Filosofia e isso, desgraçadamente, nota-se em demasia... Porra… de uma vez por todas (sem manipulações psicológicas e económicas, sem retórica barata e sem peias nem rodriguinhos), apostem mesmo na Educação e na Cultura!!! Não fiquem apenas pelas palavras e pelas boas intenções… Estou mesmo em crer que só assim poderemos almejar e alcançar o tal “Quinto Império” do Padre António Vieira tão bem corroborado pelos nossos queridos e saudosos Fernando Pessoa(s) e Agostinho da Silva.


   2. Tertúlia Orpheu / Extravasar: o Padre António Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva (cada um à sua maneira e estilo, em períodos temporais diferentes e de forma muito peculiar) exaltaram a “Alma Portuguesa”, a “Demanda” e a ideia do “V Império”. O que lhe apraz dizer sobre isto?

Ângelo Rodrigues: de alguma forma, já respondi um pouco na questão anterior. Estamos a recordar figuras grandes da nossa cultura que estão obviamente inscritas na nossa matriz e na nossa História como marcos ou símbolos da criatividade, da diferença, da inovação e da excelência do Pensar. De facto, a chamada “portugalidade” é também o nosso (maior) destino (Fado). Fizemos e continuamos a fazer-mundo(s) e, tendo sido grandiosos/sublimes nos Descobrimentos, temos hoje, mais do que nunca, a certeza de que voltaremos a ser, apesar da nossa pequenez territorial, um grande povo, o tal povo do dito “Quinto Império” em que a dimensão espiritual, cultural e almífica, possa ser um exemplo para todos os outros povos do mundo. A dimensão do território é secundária pois a “portugalidade” é uma ideia de grandeza espiritual, cultural e artística que é quase impossível de encontrar na maioria dos outros povos/sociedades/civilizações. Vieira, Agostinho e Pessoa(s), cada um à sua maneira, defendem que Portugal ainda não atingiu a glória suprema e lembram-nos (cada um com a sua peculiaridade e diferença) que isso é bem possível desde que a nossa prioridade e orientação - enquanto povo coeso - seja a Cultura e a Educação. No fundo, estas grandes figuras do Pensamento e da Literatura, alertam-nos (sem a tentação de cair obviamente em nacionalismos doentios e patéticos que dispensamos) que Portugal ainda não é o que devia ser, mas que tem tudo para ser o que já podia ser: humanistas, artistas, pensadores, escritores e grandiosos poetas. Talvez seja isto o que basta para sermos GRANDES!


   3. Tertúlia Orpheu / Extravasar: é uma pessoa religiosa? O que é para si a Religião? Que tipo de importância atribui à Religião nos dias de hoje? Como vê - enquanto poeta, escritor, humanista e homem de cultura -  os fenómenos de radicalismo religioso que grassam um pouco por todo o mundo?

Ângelo Rodrigues: o fenómeno religioso continuará sempre a ser um grande mistério humano. Etimologicamente, Religião vem do Latim “Religare” que significa “voltar a ligar o Homem à origem, a Deus – voltar ao Uno”. Bem sabemos que ao longo da nossa conturbada história humana, a Religião tanto serviu para aproximações como para afastamentos a todos os níveis e justificou também muita barbaridade. Ela, a Religião, continua a ser um “pau de dois bicos”. Sempre estive, desde criança, envolvido na “estatística” da Religião, mas continuo a ter sobre ela a mesma incompreensão, a mesma dúvida e o mesmo sentimento... Em mim e para mim (cada vez mais), a Religião não se confunde com Deus nem este com a Religião. Há formas alternativas (e para mim mais interessantes e autênticas) de se chegar a Deus ou a “um Deus”. Ela, a Religião, é uma importante dimensão do Homem e da Vida e admiro (tenho bastante consideração) por todos aqueles que com ela e a partir dela conseguem ser felizes bem como conseguem ser solidários com os outros (seus semelhantes) galvanizando-os para serem também felizes. Infelizmente, não é o meu caso embora já o tenha tentado também... Nem sequer vou avaliar toda esta situação pois não tenho argumentos sólidos para ser credível e objetivo. Para já (e provisoriamente), a Religião para mim é sobretudo (e na essência) uma questão cultural e de civilização (com uma estética peculiar que ora me apazigua, acalma, ora me desafia, inquieta e intriga…).
Quanto ao radicalismo/fundamentalismo religioso, há várias explicações para isso e, como em qualquer outra coisa da vida, qualquer tipo de radicalismo é sempre mau por definição. Respeito obviamente todas as religiões deste mundo bem como a “liberdade religiosa” (tendo também grande apreço pelo Ecumenismo) e tento fazer o meu próprio caminho que tem também (como creio, em todos) uma dimensão “religiosa”/espiritual (no sentido particular do Religare) pois continuo a acreditar que cada ser humano tem um Deus dentro de si que para muitos, como eu, será Arte.
A única coisa que quero pedir ao “meu Deus” é que me permita morrer o mais velho possível e, de preferência, sem dar por isso.


  4. Tertúlia Orpheu / Extravasar: contrariamente aos gregos do mundo antigo - fundadores da nossa matriz política, social e cultural (Séc. V, IV, III - a.C.) -  a sociedade contemporânea parece dar pouca importância às grandes ideias filosóficas, às artes em geral bem como não valoriza - como devia - a Literatura e, particularmente, alguns géneros literários. Concorda com esta nossa síntese? Acha importante, desejável e urgente uma viragem das novas gerações para uma vivência e consideração mais intensa e quotidiana das artes em geral e da Literatura?

Ângelo Rodrigues: começo por aceitar e concordar com a síntese que é feita. Por razões várias (umas más e outras boas), estamos a mudar o paradigma cada vez mais rapidamente ao longo da História e, quando temos a oportunidade de fazer a “epistemologia” (análise, reflexão, avaliação, balanço) dessas mudanças e da experiência dos novos paradigmas, acabamos sempre por perceber que as artes em geral e o Pensamento (consubstanciado na Filosofia e na Literatura) em particular é (ou são) a grande conquista e a mais-valia por excelência da humanidade. O Conhecimento é, de facto, o melhor património da humanidade e a nossa geração, tal como aquela que nos antecedeu tem o direito e o dever de lembrar à próxima geração isso mesmo: que o Conhecimento/Cultura/Educação deve ser preservado e desenvolvido. Infelizmente, certos países (e governos) parece esquecerem-se que a Educação e a Cultura é o que permite fazer com que o Conhecimento se estabeleça nas sociedades como grande prioridade e que é ele que permite a evolução a todos os níveis como estou em crer que todos desejamos. Temos (todos) que dar o nosso contributo pois a missão mais nobre, o humanismo e a grandeza de cada ser humano, passa sobretudo por esse contributo.


   5. Tertúlia Orpheu / Extravasar: partilhe connosco e com o público leitor a forma mais prática e eficaz de se comprar/adquirir os seus livros.

Ângelo Rodrigues: como já disse na primeira parte desta entrevista, os meus livros podem ser adquiridos em qualquer livraria física e online (portais/plataformas web) e aproveito mais uma vez para vos indicar aqui alguns links a partir dos quais – e de forma simples – os podem também adquirir. Desejo a todos uma ótima e feliz leitura (fruição literária) e sintam-se à vontade para me dirigirem qualquer crítica, reparo, desabafo ou apologia. Para tal, podem usar o e-mail angelomanuelrodrigues@gmail.com.



  6. Tertúlia Orpheu / Extravasar: escrever, ensinar, fazer coordenação literária, produzir eventos, etc. é para si uma necessidade, uma terapia, uma paixão ou outra coisa qualquer? Para que serve a Literatura e as Artes? Que escritores e artistas mais aprecia e que mais o influenciam?  «A Literatura e as Artes são a salvação do mundo». Concorda?

Ângelo Rodrigues: confesso que é uma boa questão, mas a minha resposta vai ser breve. Tudo o que faço (com certeza umas coisas melhor do que outras - como todos nós) é com o propósito de “dar sentido” à vida. Todos temos uma missão neste mundo e aquilo que faço é nada mais nada menos do que a expressão dessa missão que se traduz também em motivar, galvanizar e ajudar a dignificar e a celebrar as artes em geral. De facto, o que faço, e assumo, é uma terapia (toda a Arte é também terapia), uma paixão e “outra coisa qualquer” que talvez se possa traduzir no próprio mistério/enigma da Vida.
Perguntam-me para que serve a Literatura, e a minha resposta faz-se concordando com esta célebre frase - de que gosto muito - do escritor e poeta Russo-Americano Vladimir Nabokov (1899-1977): «A Literatura não é sobre algo, é a própria coisa. A própria essência». Creio não ser necessário dizer muito mais do que isto.
A Literatura e as artes em geral não são a “salvação do mundo”, mas é um facto indesmentível que têm contribuído bastante para que o “Mundo” possa continuar a ser um “lugar/sítio” que vale a pena… Como já afirmei na primeira parte desta singela entrevista, “o que seria deste mundo sem as artes e, particularmente, sem a Música e sem a Poesia(?!)”. Não sei se conseguiria viver num “Mundo” sem esta dimensão da vida…


  7. Tertúlia Orpheu / Extravasar: o que pensa, em geral, da Escola e das pedagogias dos dias de hoje? O que mantinha e o que se propunha alterar? Partilhe connosco, se possível, a sua perspetiva (ideias) sobre Educação/Formação/Ensino.

Ângelo Rodrigues: sou também professor (procurando na minha “prática letiva” ser também pedagogo) do Ensino Secundário e tudo tenho feito - ao longo da minha “carreira docente” - no sentido de contribuir para um processo de Ensino-Aprendizagem mais eficaz, credível e autêntico. A Educação precisa mesmo e urgentemente de uma reforma profunda que governos sucessivos têm tido receio, falta de motivação política e incompetência para o fazer. Afirmo mesmo, e sem peias, a necessidade de uma “revolução na Educação”. A Escola dos dias de hoje não acompanha as constantes mudanças sociais (a vários níveis) e parece existir um grande desfasamento entre a Escola (o que ela devia dar/oferecer) e a Vida.
Além do mais, quem de direito (e não apenas e só o Ministério da Educação e o Governo, mas também a sociedade no seu todo), parece tomar decisões não fundamentadas, não consensuais e, pior do que tudo, são por norma decisões tomadas sem terem em conta os agentes mais habilitados que são os professores/educadores, os alunos e os pais. Qualquer mudança significativa e que se queira eficaz (que funcione de facto) deverá ter sempre em conta todos os agentes educativos (educadores, professores, encarregados de educação, alunos e a sociedade no seu todo) e jamais poderá resultar apenas e só do capricho e do “poder” de uns quantos políticos/governantes com a agravante de que essas decisões e políticas quase nunca são avaliadas (escrutinadas) como deviam e, no fim de tudo, esses políticos/governantes nunca são devidamente responsabilizados pela quantidade de “asneiras” e más decisões que foram tomando ao longo dos anos. Podia recordar aqui vários nomes de políticos e de governantes cuja atuação e responsabilidade (no âmbito da Educação) foi mesmo do piorio, mas é melhor não o fazer…


  8. Tertúlia Orpheu / Extravasar:  muitos autores e criadores dizem que escrever, pintar e criar em geral, é algo muito difícil, sofrível, corajoso, ousado e solitário. Concorda? Que tipo de receios tem (ou não) quando - por exemplo - acaba um livro? E, já agora, que tipo de estratégias (se é que as tem) coloca em prática para afirmar/divulgar/promover a sua obra?

Ângelo Rodrigues: claro que concordo. A escritora Russa-Francesa Elsa Triolet (1896-1970) escreveu que «criar é tão difícil como ser livre» e eu não podia estar mais de acordo. A criação e produção da “verdadeira Arte” (em qualquer área) é algo que implica uma dedicação e um empenho constante e, como nos ensina todos os dias a vida, sem esforço e sem trabalho não há sucesso/êxito. Criar implica também - e sobretudo - a dimensão do Pensar (convergente e divergente) e, infelizmente, a nossa sociedade parece não perceber que, cada vez mais, para termos sucesso, temos que pensar e ter boas ideias. (Infelizmente, e mais uma vez, os nossos líderes/políticos/governantes não têm percebido que é fundamental a dimensão do Pensamento e da Filosofia nas Escolas desde a primária e até ao fim da vida. Fico “pasmado” com o seguinte: com uma frequência cada vez mais assustadora, a Filosofia nas escolas, em cada ano letivo que passa, fica com menos tempo (com menos horas). Fica apenas esta informação para memória futura pois, a continuarmos assim, estaremos a hipotecar e também a empobrecer e a diminuir o Futuro das novas gerações. E fecho esta resposta/reflexão com a seguinte frase/aforismo do poeta francês (associado ao Surrealismo e ao Cubismo) Pierre Reverdy (1889-1960) cuja obra aprecio bastante: «Criar é pensar um pouco mais forte».
  


   9. Tertúlia Orpheu / Extravasar: como Cidadão do mundo, Poeta, Escritor, Professor…, que tipo de problemas e de inquietações (a nível nacional e internacional) mais o perturbam? Partilhe connosco e com os leitores, o assunto/tema que considera mais importante/relevante para reflexão/discussão/confronto nos dias de hoje.

Ângelo Rodrigues: há mesmo tanto tema e assunto que considero importante para se  discutir e refletir de forma séria e urgente, mas vou centrar-me apenas no tema/assunto/problema da “falta de hábitos de leitura”  por parte dos jovens (e não só).
A falta de hábitos de leitura por parte dos jovens é algo que de facto me perturba e inquieta e não consigo perceber porque razão a maioria dos jovens (alunos) parece não retirar nenhum tipo de prazer, emoção ou até “adrenalina / pica” da leitura de livros. Aquando da minha “prática letiva” (no início de cada ano letivo), e perante turmas de cerca de trinta alunos, o que é no mínimo um disparate sem dimensão, mas isso fica para outra entrevista… Dizia eu que, quando os questiono sobre o que leram, estão a ler ou pensam vir a ler, existem apenas dois ou três alunos que leram ou estão a ler algum tipo de livro, mas a grande maioria diz-me não gostar de ler ou não ter lido nenhum livro ainda. É mesmo assustador e problemático, sobretudo no âmbito das disciplinas de Filosofia, Psicologia e Área de Integração. Alguma coisa terá de ser feita/implementada para se tentar inverter tudo isto…


10.           Tertúlia Orpheu / Extravasar:  escolha por favor um pequeno excerto e/ou poema de um dos seus livros (publicados ou a publicar – individuais, antologias ou coletâneas) para “aguçar o apetite” dos potenciais leitores. Desejamos-lhe todo o sucesso e sorte do mundo pois a sua obra bem o merece!

Ângelo Rodrigues: obrigado por esta última parte da entrevista e oxalá o vosso trabalho de divulgação e de promoção de obras e de autores tenha o sucesso que merece.
Destaco aqui dois singelos aforismos do texto aforístico «Dos Poetas - tratado apologético, definitivo e absoluto, dos poetas e da Poesia» incluído no meu último livro «MUSA LIXADA e PREGUIÇOSA» publicado pela minha editora (Edições Colibri - www.edi-colibri.pt) em maio de 2019.

«Os poetas são multifacetados, irreverentes, inquietos e irrequietos. Tudo o que se diga é, provavelmente, inútil e desnecessário pois a «Poesia é o Dizer supremo» e absoluto; tudo o que não se Diz, acaba por ser sempre o mais importante; além disso, estamos fartos do “comentarismo ruminante e estéril”. Ainda assim, humildemente e com todas as cautelas, vos digo que a Poesia é o “género” maior que “compreende pelo mistério” os sentidos sublimes bem como consegue significar o mundo da eternidade prometida, o mundo da transcendência».



« Poesia enigmática, profética, sibilina, moira, «sacerdotisa de vestes brancas», que vive e faz-viver intensamente o Grande-Mistério (Eternidade) alimentando-se espiritualmente (também pela dádiva) do Silêncio e do “poderoso sentido da PALAVRA”. Raras, pobres e difíceis são as palavras / Que Dizem o Grande-Enigma; / Uma terrível angústia gramatical / Embate na inquieta Alma dos poetas (A.R., 1999). É também êxtase, celebração, exaltação, ritual iniciático à compreensão da condição-humana».





4 comentários:

amélia sousa disse...

Gostei, aprendi e compreendi a sua mensagem. A sua inquietude é também minha no que se refere à Educação. Estou fora dos programas atuais mas sinto que essa falha do ensino da disciplina de Filosofia traz agravamento no pensar dos nossos jovens.

Recordo-me quando professora de Geologia no 12ºano introduzi nas minhas um pouco da História e Filosofia da Ciência e foi um sufoco ,a ponto do meu colega de filosofia, representante do conselho diretivo me abordar. Os alunos foram apanhados em situações diferentes, não sabiam comentar frases célebres do conhecimento doutros tempos e atuais. Lembro-me da minha professora de Filosofia que, já naquela época me fez deslumbrar e perceber o grande valor da Filosofia. As crianças naturalmente filosofam se forem encaminhadas mais descobrirão...

Ângelo Rodrigues disse...

Obrigado pelo seu comentário.

Poetisa do Amor disse...

Adorei ler e ficou comigo muita coisa, pois O Ângelo é um bom exemplo da Literatura Portuguesa, ou não seja Ele um bom professor de Filosofia...
Pena é que não haja mais pessoas como este amigo de coração puro e com inteligência.Bem Haja. Uma bonita e muito boa entrevista que dá para aprender alguma coisa.

Ângelo Rodrigues disse...

Obrigado. Bjs.